Aguimar Ferreira Chocolateria
Cultura Empreendedora Brasília / DFCom a apoio do Sebrae, ele fechou parceria com grandes redes de varejo e já começa a estruturar franquias e exportar seus produtos.
O Sebrae é uma ponte para direcionar o empreendedor para o caminho do sucesso, qualificando e capacitando. Também apoia com a participação em eventos e networking, que abrem muito a visão. Essa conexão com outros empresários é muito importante.
Como muitos garotos brasileiros, o sonho de Alexandre Ferreira era ser jogador de futebol. E, ao contrário da maioria desses sonhadores, o brasiliense conseguiu seguir a carreira e chegou aos times profissionais de Brasília (DF) e de outros lugares do Brasil, como Goiás, Bahia e Amazonas.
Mas nem sempre ser um jogador profissional é tão glamouroso como se espera. Em 2009, com nove meses de salário atrasado, pediu para a mãe de um amigo, que fazia bombons para vender na rua, que lhe ensinasse a fazer as guloseimas de chocolate. E foi assim que ele conseguiu seguir a carreira no futebol, com dinheiro para pagar a passagem para treinar e comprar os equipamentos esportivos necessários.
Porém, o que começou como uma forma de renda alternativa foi tornando-se cada vez mais sério e lucrativo. Alguns amigos passaram a comprar para revender na faculdade, algumas mães também se tornaram revendedoras para ter renda para pagar os estudos dos filhos e outros queriam apenas complementar a renda doméstica. Foi assim que a demanda foi aumentando, e Alexandre conseguiu um número significativo de vendedores para seus chocolates.
Eu continuava jogando profissionalmente e trabalhando até de madrugada para atender a demanda, também tinha pontos de venda em padarias e restaurantes, e por isso a minha família passou a ajudar na produção. Mas a demanda só crescia, e precisei contratar funcionários e alugar um ponto para a produção.
Alexandre destaca que a grande virada de seu empreendimento aconteceu durante uma palestra com um empresário. Ao final do evento, ele perguntou ao palestrante o que deveria fazer para ter um negócio de sucesso. A resposta foi simples e direta: procure o Sebrae.
“Na época, eu não entendia o que era o Sebrae, só por alto. Não conhecia o trabalho em si. Mas no outro dia eu estava lá. Foi em 2011, quando estava começando o MEI (Microempreendedor Individual), e eu não tinha CNPJ, era informal. Aí vi a oportunidade para me profissionalizar e abri o MEI, foi a primeira coisa que fiz com a ajuda do Sebrae.”
A partir de então, a parceria só se fortaleceu. Alexandre lembra que fez diversos cursos gratuitos nas áreas de vendas, contabilidade e marketing digital, por meio do qual lançou o primeiro site de sua marca, a Aguimar Ferreira Chocolateria.
“Também fiz o curso IPGN (Iniciando um Pequeno Grande Negócio), que me deu uma base fantástica sobre a parte contábil e fiscal, sobre custos fixos e operacionais. Um norte para começar a ter gestão dentro do meu negócio, porque entendo que, por mais que fosse pequeno, precisava ter organização e saber gerir.”
O empresário diz que, depois da formalização e do apoio do Sebrae, as portas foram se abrindo: a empresa passou a ter acesso a fornecedores direto da fábrica, ou seja, matéria prima mais barata, já que algumas empresas só vendiam para outras empresas.
Em 2013, a empresa lançou a primeira grande inovação: uma linha de chocolates personalizados, sendo pioneira em realizar impressões diretamente no chocolate, como fotos, logomarcas e textos. O sucesso foi tão grande que os novos clientes se multiplicaram: empresas, bancos e até companhias multinacionais disputavam a novidade.
No ano seguinte, ele aproveitou a técnica de impressão no chocolate para lançar outra novidade que chamou bastante atenção dos clientes. Durante a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, desenvolveu sabores de bombons com bandeiras impressas dos países que eram cabeças de chave na competição, com sabores exclusivos relacionados à culinária dessas nações.
Para esse projeto, a gente foi buscar o apoio do Sebrae, que ficou encantado e colocou o produto no release deles. Isso possibilitou que fôssemos notícia do The Guardian, um dos maiores jornais do mundo. Foi um grande diferencial, e a marca se tornou muito conhecida no Brasil inteiro e inclusive fora. Mandamos chocolates para países como Angola e Peru, onde havia empresas interessadas em comprar nosso produto.
Quando o Brasil sediou as Olimpíadas, em 2016, Alexandre estava disposto a lançar novidades mais uma vez. Mas, nesse momento, sua intenção era tanto vender quanto ter visibilidade. Novamente procurou o Sebrae e participou do programa Sebrae no Pódio, que lhe abriu portas para ser fornecedor oficial dos jogos.
“Criamos uma linha de chocolates homenageando países que eram referência nas Olimpíadas, como Rússia, China, Nigéria e Estados Unidos. Eram criptogramas com os atletas dos países, impressos no chocolate, com sabores típicos. Isso chamou a atenção do COB (Comitê Olímpico Brasileiros), e fomos convidados a visitar o Parque Olímpico antes da abertura dos jogos.”
Em outro evento promovido pelo Sebrae, Alexandre diz que conheceu aquele que se tornaria um dos principais parceiros de sua empresa: o presidente de uma grande rede de supermercados do Rio de Janeiro, que lhe pediu que desenvolvesse uma linha de produtos para ser vendida em suas lojas.
“Então fui estudar um produto que pudesse ser levado para o varejo. Fiz pesquisa de mercado para entender o perfil de consumo e resolvi lançar uma linha de chocolates funcionais: produtos veganos, sem lactose, zero açúcar, alguns usando castanhas e frutas com poder antioxidante. Com isso, começamos a fornecer também para empórios, redes de mercado e drogarias no Distrito Federal. Começamos atendendo nove lojas, e foi crescendo. Hoje são mais de 350 pontos de vendas no Brasil, em mais de oito estados. Ao todo produzimos cerca de 600 quilos de chocolate por mês e, com a ampliação da fábrica, vamos produzir até uma tonelada.”
Com a chegada da pandemia, o empreendedor diz que decidiu investir nos negócios no ambiente digital para enfrentar a crise que ocorria com as vendas físicas. A decisão, segundo ele, acabou chamando a atenção de compradores de outros países, e a empresa começou, assim, a exportar seus produtos. “Aproveitamos nossa experiência nos grandes eventos para viabilizar nossas exportações.”
Agora, além de fortalecer as exportações, Alexandre diz que o foco da empresa é ampliar o número de revendedores e finalizar o processo de franqueamento de sua marca. Uma loja física já foi aberta, e esse movimento também deve facilitar as exportações, que devem receber um impulso ainda maior a partir de 2023.
"Nos próximos 50 anos, eu espero ser uma das maiores empresas do país inteiro e do mundo no ramo da chocolateria. E eu tenho certeza de que eu vou poder contar com o Sebrae nessa trajetória até chegar lá."