Hylaea
Inovação & Tecnologia Rio Branco / ACCom o apoio do Sebrae, Ricardo Marques conseguiu transformar a pesquisa científica em negócio
“Nós pegamos uma planta que era considerada uma daninha sem valor comercial e, por meio do trabalho e da pesquisa, transformamos em um insumo de alto valor agregado. Hoje a ibogaína é uma espécie que pode gerar renda e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida das populações amazônicas”. Ricardo Marques, pesquisador e sócio da Hylaea.
Graduado em Farmácia, mestre e doutor em Química de Produtos Naturais e PhD em Biotecnologia e Síntese Orgânica, Ricardo Marques se dedica há mais de 20 anos na busca de novos fármacos a partir das plantas.
Em 2017, quando ainda era coordenador e professor universitário, Ricardo descobriu que era possível produzir ibogaína, um produto raro originário de uma planta de origem africana, a partir de matéria-prima proveniente de uma planta da floresta amazônica. “Por meio da pesquisa, foi possível desenvolver de forma semi-sintética a ibogaína a partir da Voacangina, uma planta amazônica. Esse insumo é eficaz no tratamento da dependência química e também faz parte de tratamentos revolucionários de desordens neurológicas como depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático e Doença de Parkinson”.
Apesar do potencial comercial do produto, o empreendedor precisou parar a produção e a pesquisa devido à falta de conhecimento em negócios. “A produção de ibogaína no Brasil não passava de uma boa ideia, pois quando eu imaginava transformar essa ideia em negócio, eu esbarrava na falta de conhecimento sobre o mundo dos negócios, além de toda a burocracia e regulação que recai sobre a fabricação de insumos farmacêuticos ativos e, mais importante do que tudo isso, a ausência completa de recursos financeiros e do conhecimento necessário sobre como os obter”.
Esse foi o primeiro passo para a criação da Hylaea, uma startup que atua no segmento de pesquisa e desenvolvimento de insumos farmacêuticos ativos a partir da biodiversidade da Amazônia. “Por meio do Inova Amazônia, também conheci o Sebratec e com esses dois programas participei de capacitações e mentorias e consegui realizar networking com comunidades de inovação. Mas o grande diferencial foi ter conseguido uma bolsa de estímulo à inovação, o que possibilitou a dedicação em tempo integral ao projeto da empresa”.
Atualmente, a Hylaea é a primeira e única empresa brasileira a produzir ibogaína por meio de um processo inovador, eficiente e sustentável. “O processo de produção da ibogaína está plenamente desenvolvido e protegido por patente registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Agora estamos em busca de empresas que possam desenvolver a produção em larga escala, para assim avaliarmos os custos envolvidos pra montar uma fábrica certificada e iniciar a produção comercial”.