Café Especial do Norte do Paraná
Cultura Empreendedora Congonhinhas / PR
Selo de Indicação Geográfica e assistência técnica fizeram o produto subir de preço e a demanda de exportação aumentar

O Sebrae me ensinou a ver minha propriedade como uma empresa. A parceira com os produtores tem feito muita diferença, pois a assistência técnica é muito importante.
Ainda criança, convivendo entre os pés de café que o pai e o avô plantavam no Norte Pioneiro do Paraná, Ricardo Batista tomou gosto pelo cultivo do grão e decidiu que seguiria os passos dos progenitores. Assim, reforçaria também a longa tradição da cultura do café na região.
Tudo começou há mais de cem anos, quando produtores do sudeste de São Paulo, fugindo dos altos impostos cobrados no estado, escolheram a terra roxa do norte paranaense para reiniciar suas plantações. A atividade levou desenvolvimento para a região, que se tornou conhecida por produzir um dos melhores cafés do Brasil. Uma das características principais é o extremo cuidado dos cafeicultores em todas as fases da produção, que resulta um café equilibrado, de excelente caracterização, com aroma, sabor, acidez, corpo e doçura.
Ciente de como essas particularidades atendem ao mercado mais exigente, após terminar o colégio agrícola, em 1986, Ricardo voltou à propriedade da família para produzir o grão em sociedade com o pai, que lhe cedeu dois alqueires de terra para plantar.
“Eu quis plantar café adensado e superadensado, que dá para plantar até 20 mil pés por alqueire. Comecei plantando um hectare até chegar a dois hectares. O café tradicional demora cerca de quatro anos para começar a produzir, mas esse demora só dois anos.”
Com clima favorável e um bom manejo, a primeira safra de Ricardo se mostrou excelente. O sucesso se repetiu nos anos seguintes, o que o incentivou a aumentar a produção.

Após alguns anos trabalhando o café, consegui comprar uma propriedade de dois hectares em Congonhinhas (PR) e depois outra, em 2000, de 27 alqueires.
Na nova propriedade, plantou 50 mil pés de café, mas uma geada muito forte destruiu todo o plantio. Os anos seguintes foram difíceis, não havia mudas no mercado para que ele pudesse recomeçar, e as que encontrava tinham preços exorbitantes. “O que me salvou foi o café que eu ainda tinha plantado na propriedade do meu pai.”
Com o tempo, as coisas foram melhorando, e Ricardo também contou com o apoio da Associação dos Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp) e da Cooperativa de Cafés Especiais e Certificados do Norte Pioneiro do Paraná (Cocenpp), da qual hoje é presidente. E foi por meio dessas entidades que os produtores tiveram o primeiro contato com aquele que se tornaria um de seus principais parceiros: o Sebrae.
Entre as conquistas dessa parceria, ele destaca o selo de Indicação Geográfica, uma certificação do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) que vincula a qualidade de um produto à sua região de origem.
De acordo com o produtor, a atuação do Sebrae foi muito importante para a concretização desse projeto. “O Sebrae dava palestras nos 12 municípios que formam a região do Norte Pioneiro do Paraná. Inclusive com suporte para captar recursos do governo. Depois ajudou na certificação das propriedades para que elas conseguissem o selo e entrassem nesse mercado de cafés especiais.”

Além de abrir portas para esse mercado, o Sebrae continuou dando suporte aos produtores por meio de assistência técnica com agrônomos e outros especialistas. O apoio elevou ainda mais a qualidade do café. Um dos motivos foi a proibição de usar venenos contra pragas. Tudo isso, segundo Ricardo, gerou uma enorme valorização do produto.
As nossas vendas aumentaram mais de 500%. Antes era muito restrita. Hoje a gente nem consegue atender a demanda, principalmente a de exportação. Se não fosse o Sebrae, a gente não teria acessado esse mercado.
Hoje, Ricardo tem nove hectares plantados com diversas variedades e produz, em média, 55 sacas por hectare. Continuando a tradição na família, ele cedeu áreas de sua propriedade para os filhos, que também já começaram o plantio. “Cada ano vai aumentando aos poucos a área plantada e vamos renovando algumas áreas.”

Agora em 2021, ele quer focar em produzir mais para exportação. “Vamos conversar com os produtores para produzir o máximo possível de café especial para entrar nesse mercado de Fair Trade, outra oportunidade aberta pelo Sebrae para os cafeicultores das associações da região.”