Império Doce
Cultura Empreendedora Teresina / PIO engenheiro agrônomo precisou encarar diversos obstáculos até conseguir abrir seu negócio de produtos derivados do caju, como a Cajuaça e a Cajuína.
Tudo o que eu tenho hoje eu devo ao Sebrae.
Lenildo Lima é exemplo de como a perseverança gera resultados. Depois de perder tudo, o empreendedor deu a volta por cima e abriu um negócio inspirado no aproveitamento de frutas regionais, a Império Doce, sediada em Teresina, Piauí.
Após perder seu emprego e ainda contrair uma dívida de vinte mil reais, Lenildo pensou que sua vida tinha acabado. Uma ida ao sítio do irmão, no entanto, mudou tudo. Ao chegar lá, deparou-se com um pé de caju e teve a ideia de fazer doce da fruta para vender.
Decidido, Lenildo foi para o mercado central comprar os utensílios necessários para iniciar seu empreendimento: uma panela e uma colher de pau. “Contei pra mãe sobre a minha ideia e ela disse que não tinha coisa melhor do que recomeçar a vida adoçando a vida das outras pessoas”, relembrou.
Com o doce pronto, dirigiu-se para o centro artesanal de Teresina para tentar realizar sua primeira venda. Em vez disso, foi menosprezado pela comerciante local. Decepcionado, voltou para casa e decidiu tentar mais uma vez, dessa vez usando um fogão improvisado feito de tijolos e carvão.
No dia seguinte, ao chegar no centro, a pessoa que tinha desacreditado de seu trabalho acabou se tornando a primeira cliente e também uma amiga. Outro problema, porém, surgiu: os doces mofavam após três dias, apenas. Sem saber como resolver isso, foi até a biblioteca do Sebrae.
Em 1998, só havia internet em repartições públicas, então o Sebrae era o lugar que eu ia para encontrar outras receitas, ele foi meu parceiro em tudo.
Em oito meses, Lenildo já tinha mais de 60 produtos diferentes, 12 funcionários, parceria com a maior rede de supermercado do estado e seus produtos nas prateleiras de 42 panificadoras da região.
Entretanto, três meses depois, um contratempo fez com que a empresa interrompesse os trabalhos. O que Lenildo não sabia era que essa seria uma oportunidade para crescer ainda mais como profissional. “Fui convidado pelo Senac para dar cursos e ensinar tudo aquilo que tinha aprendido”, contou.
Depois de viver essa experiência, o empreendedor teve a chance de atuar junto ao Sebrae em um projeto de inovação no estado do Piauí. O tempo “parado” foi também de aprendizado, e Lenildo participou de outras capacitações ofertadas pelo Sebrae.
Agora com mais conhecimento, o dono da Império Doce fez algumas mudanças estratégicas no negócio: diminuiu a quantidade de produtos para 18, mantendo aqueles que geravam mais lucro e exigiam menos esforço de produção. “Melhorei a qualidade dos meus produtos com as palestras do Sebrae.”
Já em 2004, convidado pelo Sebrae, Lenildo participou da primeira edição do Piauí Sampa. O evento, que acontece em São Paulo, funciona como uma vitrine para as riquezas piauienses e virou uma tradição para o empreendedor. “No primeiro ano, levei 200 kg de produto, no ano seguinte 380 kg, no terceiro, 680 kg. Na última edição, 6.800 kg”, afirmou.
Atualmente, o carro-chefe da empresa é a Cajuaça, cachaça produzida do caju, resultado de muita criatividade e inovação. Além dela, o caju também é protagonista de outras bebidas fabricadas por Lenildo, como vinagre balsâmico, vinho e cerveja.
Com as vendas realizadas pelo Instagram, as iguarias conquistaram consumidores de todos os cantos do Brasil e levaram Lenildo até para outros continentes. “Viajei para muitos lugares, como a África, para ensinar sobre como consegui criar 400 produtos do caju, 200 com abóbora, 200 com melancia e com todo tipo de fruta que me dessem”, ressaltou.