Amora Brinquedos Afirmativos
Cultura Empreendedora Salvador / BANegócio social: a empreendedora começou a produzir bonecas de pele preta ao notar que não havia fácil acesso a esse tipo de produto no mercado de Salvador.
Tudo começou em um projeto social do qual a designer Geo Nunes participava em Salvador (BA). Em uma das ações realizadas, a ideia era distribuir bonecas de pele preta para as crianças da cidade. Porém, logo surgiu um grande problema: onde comprar os brinquedos?
Após muita pesquisa, o resultado foi decepcionante: não havia onde comprar bonecas negras em Salvador, a capital mais negra do Brasil, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Depois de muito pensar sobre o que fazer, Geo tomou uma decisão. Ela mesma faria as bonecas. Assim, colocou em prática seu talento no design e, com os custos pagos do próprio bolso, começou a produção. As primeiras peças agradaram a designer, mas uma preocupação não saía de sua cabeça: se ela perdesse o emprego, como poderia continuar produzindo as bonecas?
Mais uma vez, estava com um problema para resolver. Em busca da solução, tinha a certeza de que não poderia fazer tudo sozinha, precisava transformar a ideia em algo maior. De novo, pensou bastante até que uma ideia surgiu em sua mente. Uma forma de manter o projeto seria transformar a iniciativa em um negócio social. Dessa maneira, a produção poderia ser mantida pela venda de produtos infantis.
A ideia era boa, mas Geo não tinha experiência alguma com gestão de empresa, então como poderia tirar os planos do papel? Antes de tudo, ela precisava da ajuda até para saber como começar. Foi assim que decidiu procurar o Sebrae, pois sabia que lá teria o apoio de especialistas no assunto.
E foi isso mesmo que ela encontrou. No Sebrae, recebeu todo o apoio necessário para entender melhor o modelo de negócio que desejava implementar. Após um período de estudos, estruturação e realização dos trâmites burocráticos, pôde lançar finalmente, em 2016, a Amora Brinquedos Afirmativos.
O Sebrae foi muito importante nesse momento de formalização. Também fiz os cursos de precificação para não ter prejuízo. Até hoje uso essas planilhas para fazer precificação. Participo também das feiras que o Sebrae promove para os microempreendedores individuais [MEI].
Com o empreendimento formalizado, a produção inicialmente era realizada toda por Geo. Mas o negócio foi crescendo, e ela passou a contar com duas colaboradoras costureiras. O projeto não é apenas uma fábrica de brinquedos, promovendo também ações afirmativas em escolas. Nesses casos, a equipe é ainda maior e conta com fotógrafa, designer, jornalista e uma arte-educadora, que faz contação de histórias.
“Quando surgiu era só uma boneca, e hoje, além de ter essa diversidade das bonecas, tem diversidade também nos brinquedos afirmativos, como os quebra-cabeças, tem os lápis e giz, tem as canecas. Temos uma loja em São Paulo também. Então a ideia é expandir, mas já cresceu bastante do início até hoje.”
Os produtos ganharam uma variedade ainda maior com a chegada da pandemia, quando a designer começou a criar produtos para as crianças que estavam em casa. “Foram as estratégias que criei tanto para as crianças em casa quanto para os adultos que quiserem ter um produto com representatividade negra.”
Esse é um dos motivos que a empreendedora tem para afirmar, com toda a certeza, que a Amora brinquedos afirmativos é muito mais do que uma empresa, é uma iniciativa que faz a diferença na vida de muitas pessoas, principalmente crianças negras que não se identificam com a maioria dos brinquedos disponíveis no mercado. Além de afirmar essa identidade, ajuda a fortalecer a autoestima desses jovens.
Por isso, a empresária pretende criar ainda mais produtos e estabelecer o negócio como uma loja que vende brinquedos afirmativos em geral. A meta também é expandir a venda para outros estados e, como a marca só existe para causar impacto social, outro objetivo de Geo é aumentar o número de ações afirmativas realizadas em Salvador e levar as iniciativas para outras cidades.