1401 Tea
Economia & Política Florianópolis / SCA empresária relata como o Sebrae e a educação empreendedora ajudaram a superar as dificuldades e expandir seu negócio, que quase fechou na pandemia.
O Sebrae me capacitou e me mostrou que eu tinha condições mentais e psicológicas de ser uma empreendedora.
Como instrumentadora cirúrgica, Jacqueline Ferrari já havia participado de centenas de cirurgias plásticas, sua especialidade, ao longo de sua carreira, até que começou a sentir um problema de vista. Seus olhos já não eram mais os mesmos, e ela não podia mais confiar neles para seguir assistindo as operações, pois havia desenvolvido a chamada visão dupla.
Não houve outra alternativa a não ser se afastar de seu ofício e deixar de trabalhar. Outras mudanças em sua vida, como se mudar com o marido do Rio de Janeiro (RJ) para Florianópolis (SC), começar a estudar Psicologia e engravidar, ocuparam-na nos meses seguintes do ano de 2015. Mas perder o bebê foi outro baque, que acabou levando a uma depressão.
Nessa época, Jacqueline encontrou, na produção de bombons de chocolate, uma terapia. A atividade não era nova para ela, pois sua mãe sempre fez bolos e chocolates como forma de aumentar a renda da família. Por isso, desde pequena, já sabia fazer bombons, brigadeiros, entre outros produtos, além de embalagens especiais para eles.
Um belo dia, eu estava em casa, quando me levantei da cama e falei: ‘Quer saber, vou ser feliz, vou fazer chocolate’. Escolhi sair daquela vida. Aí comecei a fazer cursos, fui atrás do Sebrae e disse: ‘Quero aprender tudo’.
Jacqueline recorda que, no primeiro contato com o Sebrae, também contou com todo o apoio de que precisava para se formalizar como MEI (Microempreendedor Individual). Além disso, destaca que passou por diversas capacitações que a fizeram crescer como empreendedora.
“Participei de seminários, cursos de finanças, administração, marketing, contabilidade, fiz todos os que eu consegui fazer. Presenciais e online. Eu digo que empreender é um eterno estudo.”
Depois dessa jornada de qualificações, ela chegou à conclusão de que era o momento de fazer o curso que hoje considera como o mais importante de sua formação como empreendedora: o Empretec.
“Em 2017, eu entrei no Empretec já sabendo o que eu queria. Lá, me perguntaram: ‘Você está aqui por quê?’. Respondi que era porque eu queria ter franquias. E ainda não tinha nem a loja.”
Mas a primeira loja não estava muito distante, foi inaugurada naquele mesmo ano, e assim nasceu a Palha Della Nonna. Jacqueline reconhece hoje, no entanto, que o nome e a proposta de modo geral não estavam de acordo com o público do local. A identidade visual também não comunicava bem o que o negócio tinha a oferecer.
Era muito clássica, porque eu amo música clássica, mas a comunicação e identidade visual ninguém entendia nada, perguntaram se eu vendia granola ou palha italiana. Não dava certo.
Sua filha, Larissa Ferrari, graduanda em Química e apaixonada por chás, foi a primeira a perceber melhor os problemas, aconselhando a mudar a marca. Para isso, Jacqueline voltou ao Sebrae, em 2018, e pediu orientação. Ela lembra como o apoio foi importante para que seu negócio passasse a se chamar 1401 Tea.
“Em todos os momentos em que eu procurei o Sebrae, eu fui até lá explicar a minha dor, e eles me trouxeram soluções. Com a mudança de marca foi assim também. Expliquei as questões da identidade e me orientei sobre as questões burocráticas de registro de marca e de marketing, então o Sebrae nos indicou um consultor que ajudou com isso tudo. Aí tivemos um crescimento, um resultado muito positivo, e por isso nosso ponto se tornou pequeno. Em 2019 começamos a planejar a transição para um local maior.”
O que ela não esperava era que logo chegaria a pandemia, que a colocaria em diversas dificuldades.
“Tínhamos dois problemas: a falta de espaço e um modelo de negócio que não funcionava mais com a pandemia, para isso eu precisaria fazer um grande investimento.”
Diante do impasse, sua decisão foi fechar a loja, que encerraria as atividades em novembro de 2020. Mas novamente o inesperado mudou o rumo do negócio: um empresário de São Paulo, que estava de mudança para Florianópolis, entrou em contato com Jacqueline, pois havia ouvido falar bem de seus produtos. Sua proposta era usar o nome da marca.
De volta ao Sebrae, a empreendedora começou a orientação para franquear sua marca, aquele objetivo antigo do qual já havia falado durante o Empretec. Numa primeira reunião com dois consultores, a solução imediata sugerida foi licenciar a marca enquanto fosse concluído o processo de franqueamento.
"Aí foi isso, saí de falida para franqueada. Graças à ajuda da minha filha e do Sebrae, sem eles eu não teria conseguido ter este final feliz."
A loja do seu primeiro futuro franqueado foi inaugurada há um mês no Passeio Pedra Branca, e Jacqueline montou uma fábrica para fornecer os produtos para a franquia. Segundo ela, o foco agora é finalizar essa formatação da franquia, captar novos franqueados e "trabalhar para dar a eles os melhores produtos e a melhor assistência possível".