Plant
Cultura Empreendedora São Paulo / SPApós uma ameaça, Edileuza teve de deixar o trabalho que fazia em uma ONG. Como já tinha experiência, decidiu empreender construindo hortas em telhados de empresas, promovendo a inclusão de agricultores familiares e de mulheres em situação de vulnerabilidade social.
Empreendedorismo e sustentabilidadeEu aprendi a ser empresária graças ao Sebrae. Soube entender a minha responsabilidade com os impostos, aprendi a trabalhar as planilhas de custos e até montar um orçamento.
A geógrafa Edileusa Andrade, ou Lê, como é conhecida, trabalhava em uma ONG em São Paulo (SP), atendendo pessoas em situação de vulnerabilidade social em comunidades de baixa renda. O trabalho ia bem até que em 2016 ela foi ameaçada por pessoas ligadas ao tráfico da região em que atuava. O trauma foi enorme: Lê desenvolveu síndrome do pânico e teve de deixar o trabalho.
Em casa, pensando como conduziria sua vida profissional a partir daquele momento, começou a desenhar um projeto para trabalhar com hortas em comunidades, como forma de continuar a atender o público de baixa renda. A primeira ideia era ajudar as pessoas a criar hortas que gerassem renda para custear outros projetos.
Lê levou então seus planos para a um hackathon promovido na Campus Party pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Sebrae, voltado para projetos que atendessem aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Durante cinco dias, teve ajuda do Sebrae para montar seu plano de negócios, com uma alteração: as hortas seriam oferecidas para empresas e não pessoas físicas. O resultado foi o melhor possível: Lê venceu a competição e já saiu do evento com o primeiro cliente.
O passo seguinte foi formalizar a empresa, que ganhou o nome de Plant, e iniciar o serviço de construção de fazendas urbanas, também chamadas de telhados comestíveis. O projeto também inclui centros de compostagem para as empresas. Nessa fase do empreendimento, a empresária diz que encontrou grande apoio no Sebrae para lidar com questões administrativas e de gestão de negócios.
“Fiz muitos cursos online, e o Portal do Empreendedor também ajuda muito. Inclusive aprendi a não desistir, porque, toda vez que estou pensando que vai dar tudo errado, acaba vindo uma indicação do Sebrae para participar de alguma coisa. Se eles acreditam no meu trabalho e confiam que é um negócio de sucesso, não tenho por que não acreditar.”
Desde então, os negócios só têm crescido, e a Plant, que no início só contava com a Lê, passou a ter sete funcionários fixos e três esporádicos. Em 2018, ganhou o Prêmio Incluir, concedido a empreendedores que desenvolvem soluções que contribuem para o desenvolvimento humano sustentável.
Nos quase três anos de existência, já foram construídas sete hortas em três estados do Brasil, sempre pautadas pela preocupação socioambiental. O material usado é fornecido por cooperativas de reciclagem, as mudas são produzidas por agricultores familiares e a manutenção é feita por mulheres em situação de vulnerabilidade social.
Como meta para o futuro próximo da Plant, Lê trabalha para levar as fazendas urbanas a empresas do Nordeste, onde começou sua carreira profissional. “Quero muito voltar para o lugar onde tive o primeiro contato com a terra e com essa questão da horta”.