Mix Lanches BH
Economia & Política Belo Horizonte / MGFrederico soube aplicar em seu negócio de palha italiana os ensinamentos que recebeu desde cedo do Sebrae. O empreendimento evoluiu para um bufê em Belo Horizonte que emprega indiretamente uma cadeia de fornecedores da comunidade de baixa renda onde mora.
De ambulante a empresário de sucessoO Sebrae me ensinou que é possível fazer muito com o que você tem em mãos. Não é preciso inventar a roda, mas é preciso pensar fora da caixa.
As dívidas e o fracasso de duas tentativas de empreender junto com o irmão não desmotivaram Frederico Amorim, jovem morador da comunidade Morro das Pedras, em Belo Horizonte-MG. Desempregado aos 18 anos, não tinha um centavo no bolso, mas estava certo de que queria abrir outro negócio. Mas para isso precisava de dinheiro.
Para fazer um bico de garçom, precisou cortar o cabelo fiado na barbearia da comunidade e pedir roupa emprestada para um amigo. O serviço lhe rendeu R$ 50, dos quais tirou R$ 15 para pagar o que devia ao barbeiro.
Com os R$ 35 que restaram, comprou ingredientes para fazer palha italiana e vender na escola e na comunidade. Entusiasmado com o sucesso de vendas da primeira leva de doces, passou a oferecer também mousse para seus clientes.
Durante um dia de vendas, achou no chão um panfleto que divulgava o Núcleo de Empreendedorismo Juvenil (NEJ), um programa da Escola de Formação Gerencial do Sebrae-MG voltado para jovens de baixa renda que estudam em escola pública. Como se encaixava no público-alvo, não pensou duas vezes e se matriculou.
O trabalho final do curso foi um plano de negócios. Ao se formar, formalizou-se como microempreendedor individual (MEI), criou a marca Mix Lanches BH, uma logo, fez etiquetas, investiu em uma seladora de plástico e melhorou as embalagens de seus produtos. A namorada entrou no negócio e passaram a vender também bolo de pote.
Após três anos de empresa, descobriu um novo nicho de mercado ao receber a encomenda de quitutes para o coffee break de uma empresa. Investiu no segmento e, à medida que atendia novos clientes, foi aperfeiçoando o serviço. Ao mesmo tempo, continuava vendendo sanduíche e bolo de pote, que entregava de moto.
Em uma das entregas, sofreu um grave acidente que o afastou do trabalho. A namorada seguiu tocando o negócio, atendendo apenas os pedidos de cofeee break e de bolos por encomenda. Foi um tempo difícil para a empresa, que quase fechou as portas.
No entanto, a dedicação exclusiva a esses dois serviços se revelou positiva, e a empresa ultrapassou o faturamento máximo permitido ao MEI, levando-os a mudar de categoria para microempresa (ME) em 2018.
Para atender a demanda crescente, foi preciso reformar sua casa: a sala, a copa e a cozinha foram transformadas em uma ampla cozinha industrial. Além de Frederico e da namorada, hoje a Mix Lanches BH conta com outros quatro funcionários diretos e mantém uma rede de colaboradores e fornecedores, gerando diversos empregos indiretos.
Essa característica está relacionada à preocupação de Frederico em fortalecer os comerciantes de sua “quebrada”, como ele se refere à comunidade.
“Como eu preciso de pão, e aqui tem uma padaria de referência, fechei uma parceria com ela. O açougue do Ricardo me fornece a carne para os mini-hambúrgueres artesanais. Frutas, verduras e legumes, eu compro do Sacolão do Alex, também aqui na favela. E com isso consigo pegar vários eventos, porque, se eu tivesse de fazer todos os processos, não teria condição de atender tantos clientes.”