Saladorama
Cultura Empreendedora Recife / PEHamilton percebeu que a população de comunidades de baixa renda poderia se alimentar melhor se os alimentos saudáveis fossem mais acessíveis. Sua empresa de produção e entrega de comida em favelas gera 50 empregos e incentiva o empreendedorismo feminino em 3 estados do
Movimenta R$ 500 mil por mêsO Sebrae me fez crescer o que eu levaria 30 anos ou mais se estivesse sozinho. Ele encurta o tempo e apresenta mais conhecimento a cada dia.
Trabalhando em um coworking na Zona Sul do Rio de Janeiro, Hamilton Silva percebeu que os moradores da região nobre da cidade não escolhiam comer diariamente alimentos como hambúrguer, sushi e massas, que em sua comunidade em São Gonçalo (RJ) eram considerados artigos de luxo. Eles preferiam uma alimentação saudável, rica em vegetais e produtos pouco ou nada processados.
O jovem aprendeu que quando as pessoas se alimentam bem, elas frequentam menos os hospitais e diminuem o consumo de remédios. “Vi que na construção de uma sociedade justa era importante o acesso a uma alimentação de qualidade.”
Dessa reflexão surgiu a ideia de negócio, e Hamilton passou a vender comida saudável na comunidade onde morava.
O Saladorama nasceu assim. É um delivery de comida saudável que democratiza o acesso a esse tipo de alimentação e movimenta toda a economia local. Tudo que a gente consome e produz é oriundo de empreendedores da favela. O dinheiro que a gente faz dentro da favela fica lá mesmo.
O primeiro passo foi se formalizar como microempreendedor individual (MEI) e investir os R$ 230 reais que tinha para comprar os alimentos e materiais necessários. As vendas que começaram em São Gonçalo passaram a ser realizadas também em Niterói, no Morro Santa Marta e em outras comunidades do Rio.
Hamilton conta que o Sebrae se tornou um parceiro desde o início, já que se capacitava gratuitamente por meio dos cursos online disponíveis no portal.
“Eu sou empreendedor de favela e não tinha dinheiro para investir em capacitação. O Sebrae oferece curso de fluxo de caixa, marketing e educação financeira que me ajudou muito e deu as respostas de que eu precisava. Um conteúdo muito rápido, prático e acessível.”
O empresário também destaca a importância do networking e das rodadas de negócio promovidas pelo Sebrae. “Imagina uma empresa que começou agora poder sentar com um possível contratante dele e ter cinco a dez minutos para apresentar seu negócio.”
A parceria também o ajudou a traçar um plano estratégico de crescimento, no qual identificou Recife como uma cidade com potencial para a expansão da Saladorama. Para lá se mudou e levou o negócio para as comunidades da capital pernambucana.
Além de Pernambuco e Rio de Janeiro, a Saladorama está presente em São Paulo e é hoje um dos maiores distribuidores de alimentação saudável em comunidades de baixa renda do Brasil. Ao todo, foram gerados cerca de 50 empregos diretos e indiretos, aproximadamente 2,5 mil refeições vendidas por mês, movimentando cerca de R$ 500 mil.
A empresa também mantém um instituto que forma gratuitamente mulheres das comunidades para serem empreendedoras, com boas práticas de alimentação. O Saladorama também financia um centro de inteligência periférica, que pesquisa os hábitos de consumo dos moradores da periferia e a relação entre comida e saúde, levando em conta as questões de instabilidade econômica da periferia.
Parece muita coisa, mas Hamilton quer mais. Até o final de 2020, pretende que a empresa esteja dez vezes maior do que é hoje. Para isso, já conversa com investidores para atingir a meta de levar a Saladorama para 30 locais diferentes do Brasil.