Marchetaria do Acre
Cultura Empreendedora Cruzeiro do Sul / ACO empresário que pensava que seria padre viveu na floresta até os 18 anos e deixou a Amazônia para estudar na Europa. De volta ao Acre, transformou seu talento em negócio, e seus produtos conquistaram o Brasil e o mercado externo.
O Sebrae nos mostrou como negociar valores e saber vender, que são duas coisas imprescindíveis.
Nascido no meio da floresta, Maqueson Pereira foi seringueiro, vivendo em comunhão com a natureza, sem conhecer a cidade até os 18 anos, quando concluiu o ensino básico e decidiu continuar os estudos. Assim, ele entrou em um colégio de padres e foi estudar em Santa Catarina e São Paulo no ano de 1977.
Entre diversos conhecimentos como geometria, astronomia, música, retórica, dialética, ele também aprendeu uma profissão, especializando-se em marcenaria e, em seguida, a marchetaria, uma técnica de enfeitar móveis, painéis, pisos ou tetos, aplicando diversos materiais, sendo o mais usado a madeira.
Como achou que seu destino era se tornar padre, deixou a atividade de lado e foi morar na Europa, estando na Itália e na Alemanha. De volta à sua terra natal, ele voltou a se dedicar à marchetaria, transformando sua habilidade em negócio. Com um empréstimo de R$ 33 mil, fundou então a Marchetaria do Acre.
Fiz dessa arte uma forma de contar as minhas histórias daqui da região, daquilo que eu vi e vivi. É minha forma de expressão.
Maqueson lembra que não tinha uma noção exata do que era uma empresa, mas sabia que queria empreender. Por isso, resolveu buscar ajuda no Sebrae.
Decidiram me dar apoio, colocaram pessoas capacitadas para me orientar no que diz respeito à gestão de uma empresa. Durante três dias, ficamos com um funcionário do Sebrae literalmente enclausurados numa sala para fazer nosso plano de negócio.
O empresário diz que as orientações foram muito importantes para o negócio, que avançou bastante, principalmente depois que fez o Empretec. Entre as lições que aprendeu, a organização está entre as que considera mais valiosas. “Para uma empresa funcionar e atingir um mercado significativo para que pudéssemos sobreviver, nós precisávamos estar devidamente organizados, com um sistema de escoamento dos produtos resolvido também.”
O negócio foi crescendo e, também com o apoio do Sebrae, Maqueson começou a exportar seus produtos. Atualmente, a empresa conta com um quadro de 30 colaboradores direto na produção e confecção das peças.
Com o início da pandemia de Covid-19, todos os cuidados de segurança foram tomados e a oficina ficou fechada enquanto durou a determinação do estado. Assim que foi possível retomar as atividades, foi realizado um revezamento de pessoas para não ter muita gente no mesmo horário dentro da empresa.
Foi a maneira que encontramos de não parar e continuar no mercado. Estamos com uma demanda boa. Isso porque à medida que o mercado foi se abrindo nós estávamos com produtos.
Agora, a produção está focada em peças de grande formato para decoração de ambientes religiosos e de entidades públicas como tribunais de justiça e fóruns. Além disso, a empresa já está com peças prontas para vender em feiras, quando elas voltarem a ser realizadas. Maqueson diz que também investirá na produção para o mercado externo, principalmente Estados Unidos e Inglaterra.