Ekilibre Amazônia
Cultura Empreendedora Santarém / PAApós cinco anos em uma jornada turística, Kairós decidiu abrir um negócio sustentável e produzir cosméticos artesanais.
A tecnologia sustentável da Ekilibre Amazônia contribui para a proteção e conservação da natureza e biodiversidade.
Preocupado com substâncias nocivas presentes nos cosméticos que usava, Kairós Canavarro decidiu fabricar artesanalmente seus próprios produtos a partir de ervas, raízes e frutos da Amazônia. A ideia surgiu durante uma jornada turística por países da América Latina.
Em 2006, Kairós decidiu abrir mão da vida na cidade grande para viver uma experiência de autoconhecimento. No início, seriam dois meses de viagem, que acabaram se tornando cinco anos e 14 países. Já em 2011, o advogado retornou ao Brasil, trocando a capital paulista por Alter do Chão, no município de Santarém, no estado do Pará.
O paraíso paraense foi o palco para a criação da Ekilibre Amazônia, batizada em referência a duas palavras importantes para Kairós: equilíbrio (ambiental) e libre, que em espanhol significa livre, ou seja, liberdade.
Por ser um local mais afastado, os desafios foram diversos, como destaca Zezé Freitas, bioquímica e mãe de Kairós. “Era um lugar com dificuldades para a chegada de ferramentas pro laboratório, rótulos com boa impressão, embalagens primárias (frascos) e secundárias (caixas de papelão), sem mão de obra especializada e sem cursos acessíveis para treino da equipe”, pontuou.
Na época, a falta de experiência em gestão também foi uma dificuldade a ser superada. “Percebemos que não tínhamos expertise em várias áreas, como gestão, administração, precificação e vendas. Começamos procurando o Sebrae em São Paulo, fazendo curso presencial e solicitando um consultor. Fizemos o Empretec e seguimos com as consultorias também no Pará”, contou.
O Sebrae forneceu ferramentas e orientação e tem nos apoiado em eventos, feiras e cursos on-line.
Hoje, a empresa produz 28 tipos de cosméticos e produtos de higiene pessoal sem conservantes e veganos. “Transformamos óleos e manteigas da Amazônia, que vêm diretamente dos ribeirinhos, em produtos de excelente qualidade, promovendo saúde e bem-estar e comprovando que a floresta em pé vale muito mais do que se ela for derrubada”, afirmou Zezé.
Atualmente, o negócio trabalha com 30 famílias de ribeirinhos que extraem matérias-primas de maneira sustentável. “Temos casos de comunidades que deixaram de vender suas árvores para madeireiras e passaram a plantar mais árvores e coletar sementes para produzir matéria-prima. Diferentemente de grandes empresas do setor, que apenas compram, por centavos, as sementes coletadas, nós queremos fomentar unidades produtivas para beneficiar dentro da floresta, utilizando toda a sabedoria ancestral de povos da mata, que aprenderam a produzir preservando”, relatou.
Preocupados em sempre contribuir para a preservação da biodiversidade, a empresa possui biofiltros para evitar contaminação do solo e dos lençóis freáticos. “Temos um projeto para beneficiar comunidades ribeirinhas construindo fossa ecológica no local onde vivem, que geralmente não tem qualquer saneamento básico.”
Outra iniciativa sustentável é a criação e o uso de um sistema de tratamento de esgoto privado que transforma os dejetos sólidos em matéria orgânica. A parte líquida, por sua vez, é devolvida em forma de vapor de água 100% puro para atmosfera.
As vendas dos produtos da Ekilibre Amazônia são feitas através de e-commerce para o público final. A marca também conta com linhas profissionais voltadas para spas e salões veganos. “Ainda em 2022, pretendemos lançar um sérum revitalizante da Amazônia, hidratante corporal e água micelar de priprioca. Para 2023, pensamos em introduzir uma linha infantil, produtos para pets e para equinos,” ressaltou.