Carne de Jaca
Inovação & Tecnologia Palmas / TOCom o apoio do Sebrae, a empresa Carne de Jaca vendeu uma tonelada da proteína vegetal em 2 anos.
A professora e supervisora escolar Maria Edivângela da Silva conta que desde a infância não gostava da textura e do sabor das carnes de origem animal. Muitas vezes sua mãe colocava a proteína em seu prato, ela mastigava e, quando identificava o que era, jogava fora.
Em 2012, durante uma viagem à Bahia, pôde experimentar pela primeira vez a carne de jaca. Ao voltar para casa, quis comprar e adicionar o produto em sua alimentação, porém, como ainda era pouco difundido na época, ela não encontrou a proteína vegetal em sua cidade nem pela internet.
Oito anos depois, em um recesso escolar, a empreendedora retornou ao estado baiano e aproveitou para comer um pastel de carne de jaca. Foi amor à primeira mordida! Encantada pelo quitute e para não correr o risco de ficar novamente sem, pensou em produzir seu próprio alimento ao chegar em sua cidade natal. “Na minha casa tinha um pé de jaca, mas consumíamos apenas como fruto e, por curiosidade, assim que voltei da Bahia, resolvi pegar uma e testar a receita.”
No mesmo dia, à noite, a empresária postou no status do WhatsApp que havia carne de jaca para vender. Vendeu os 2 kg que havia produzido quase imediatamente para uma conhecida de sua cidade, Taquaruçu (Tocantins), e percebeu que era possível começar um negócio.
No dia seguinte, decidiu iniciar os testes na cozinha de casa. Mas, poucos dias depois, veio a pandemia. Precisou pausar o sonho de ter o próprio negócio para organizar a rotina de dar aulas remotas e os cuidados com a casa e a família.
Depois de 5 meses e habituada ao novo modelo de trabalho, conseguiu retomar a produção da carne de jaca. Foi um teste aqui, uma venda acolá e ela passou a entender a rentabilidade da produção, como diminuir o desperdício e a utilizar a proteína vegetal em receitas. “Comecei vendendo na minha cidade. No início eram cinco quilos por semana, depois passou a 15, 20 quilos por semana, e a procura pelo produto só aumentando. Foi então que percebi que era hora de formalizar a empresa. Decidi abrir meu MEI e aumentar a produção. Assim surgiu oficialmente a Carne de Jaca.”
Para aprimorar o conhecimento, Edivângela buscou a ajuda do Sebrae. “Como estávamos na pandemia, resolvi fazer os cursos online. Fiz o de marketing, gestão financeira, vendas e muitos outros.”
Foi também por meio do Sebrae que veio a oportunidade de se inscrever no Inova Amazônia. Ao ser selecionada pelo programa, a Carne de Jaca participou do processo de aceleração de negócios. “Crescemos interna e externamente a partir da relação com o Inova Amazônia e o Sebrae. Hoje somos eu, minha sócia, um responsável pelo financeiro, uma engenheira de alimentos, uma salgadeira e um estudioso da carne de jaca. E a empresa ainda ajuda a comunidade”, alegra-se.
Segundo a empresária, grande parte da matéria-prima utilizada para produzir a carne de jaca é comprada de moradores locais. “Antes essas jacas se tornavam lixo orgânico e agora são vendidas pelos donos dos quintais onde elas ficam. Dessa forma, geramos renda para a comunidade. Além disso, nossos produtos também são vendidos localmente, em Palmas e Porto Nacional, em lojas de produtos naturais.”
Atualmente, a Carne de Jaca é uma startup acelerada pelo Sebrae e pela Ventiur e já comercializou mais de uma tonelada de produtos desde sua criação. “Somos a primeira indústria de carne de jaca da região amazônica que movimenta a bioeconomia e conecta os pequenos produtores, beneficiadores, engenheiros de alimentos e chefs de cozinha na criação de novos pratos e parcerias comerciais.”
Para o futuro, Edivângela quer expandir e vender a carne pelo Brasil e pelo mundo, tornando-a de fácil acesso a quem escolhe se alimentar com a proteína vegana, seja por escolha própria, seja necessidades e restrições médicas.
“Hoje eu considero tudo isso que passei até conhecer a carne de jaca como uma missão de alma. Eu nasci pra ser vegetariana e sei que agora posso ajudar outras pessoas com meu negócio.”