SEBRAE

Ikigai Piscicultura

Inovação & Tecnologia Gurupi / TO
Marise abriu empresa de piscicultura em plena pandemia

Depois de participar dos programas Brasil Mais e Inova Amazônia, empreendedora superou as próprias expectativas e seu negócio cresceu 148%.

Sempre busquei os cursos do Sebrae para preparar a empresa, mas o melhor motivo para buscar foi quando entramos em pandemia.

A bióloga Marise Tanaka Suzuki sempre foi fascinada por tudo que envolve água e vida aquática, além de sustentabilidade e saúde. “Mesmo nas pós-graduações, busquei usar a biotecnologia para a proteção do meio ambiente”, conta. Depois de comprar a casa própria, ela estava estudando uma forma de construir uma piscina que não precisasse de tratamentos químicos.

“No meio dessas buscas, encontrei alguns sistemas para criar peixes de forma sustentável, com tanques elevados e recirculação de água”, afirma. 

Ao conhecer a tecnologia de criação de peixes de forma sustentável, ela percebeu que poderia produzir alimentos de origem animal e vegetal sem abrir mão da qualidade e utilizando o mínimo de recursos hídricos.

Dessa forma, juntei algo que eu amo fazer — estar em meio à água e com peixes — com o que eu sei fazer: tudo que aprendi na minha formação. Assim eu gero produtos diferenciados, com qualidade e garantia de boa procedência.

Marise acreditava que esse processo tinha força o suficiente para ajudar muitas pessoas e mudar o mundo, por isso resolveu empreender no setor piscicultor. Para tirar o projeto do papel, ela contou com o suporte emocional, financeiro e a mão de obra de sua família. Ela também dá crédito à Prefeitura de Gurupi por fornecer o espaço físico e os maquinários para dar vida à sua empresa. 

Ela define o processo de abertura como desafiador. “Essas dificuldades se intensificam quando não temos experiência no empreendedorismo. Por isso, primeiramente, é necessário se qualificar para ter o mínimo de noção.”

A Ikigai começou apenas com a criação de peixes a fim de equilibrar as finanças. No entanto, devido a impasses com frigoríficos, Marise precisou adiantar o processo de montar um frigorífico próprio. “Também plantamos hortifrutis e estamos prestando serviços em cursos, capacitações e consultorias em piscicultura”, reforça.

Para Marise, a Ikigai inova na tecnologia de criação de peixes, produzindo muitas espécies em espaços adequados e sem gastar tanta água. “Essa tecnologia permite que até um produtor rural, sem rio ou lago por perto, possa ter uma produção elevada de peixes todos os meses”, completa.

“Além disso, os hortifrutis são produzidos de forma diferente: utilizamos apenas a água do peixe para fertilizar e irrigar as plantas. O produtor vai conseguir produzir hortifrutis sem o uso de agrotóxicos.” 

Atualmente, o público consumidor chega até a Ikigai através das redes sociais e do WhatsApp. “Nascemos na pandemia e não vimos necessidade de mudar”, Marise reforça. Para quem deseja comprar os produtos de imediato, a empresa também faz entregas em lojas físicas parceiras, como mercados e açougues. 

Marise sempre pôde contar com o Sebrae em sua trajetória empreendedora, tanto que já buscou o sistema várias vezes para fazer cursos voltados para liderança, empreendedorismo, análise de perfil e para preparar a Ikigai. No entanto, a relação ficou ainda mais estreita devido à chegada de um fator que abalou o mundo inteiro. 

“Quando entramos na pandemia, dois meses depois, a sócia deixou a empresa e, no mês seguinte, eu peguei covid. Fiquei quatro meses de atestado, mas não podia deixar a empresa, pois não tinha mais a sócia”, relembra.

Nessa mesma época, Marise contratou um funcionário que a sabotava através de uma indicação e, ainda nos primeiros seis meses de pandemia, os frigoríficos que haviam combinado de comprar os peixes desistiram da compra. “Com todo esse cenário, eu já estava prestes a abandonar tudo, quando de repente vi algo na internet sobre um programa do Sebrae que oferecia três meses de consultoria gratuita.”

O programa em questão era o Brasil Mais. Ao lado da Agente Local de Inovação Andressa Noletto, Marise pôde contar com o apoio para selecionar pessoas, organizar a empresa e recebeu orientações fundamentais para alavancar a Ikigai. “Em 2021, nos consagramos como a empresa que participou do Brasil Mais que mais se desenvolveu no Tocantins, com 148% de crescimento”, revela, orgulhosa. 

Parando para pensar no estado atual da Ikigai, Marise fala com empolgação: “Tá igual foguete!”. Mas se engana quem pensa que o sucesso bateu à porta como num passe de mágica — não faltaram obstáculos para ela superar. 

“Na noite em que estávamos recebendo o prêmio do Programa Brasil Mais, estávamos perdendo toda a nossa produção de peixe. Simplesmente zeramos o nosso estoque e tivemos que recomeçar, como em 2020, e esperar uns sete meses para os peixes crescerem a ponto de abate”, revelou Marise. 

Desistir não era uma opção. Porém, tão zerado quanto o estoque de peixes estava a conta bancária para investir na continuidade da Ikigai. Até que veio um estalo, a ideia salvadora. 

“Em meio a isso tudo, surgiu um edital do Sebrae para selecionar startups com projetos direcionados ao bioma amazônico, o Inova Amazônia”, contou. A Ikigai e a Microverdes — uma segunda empresa da Marise — foram o terceiro e quarto projetos mais bem avaliados do programa de aceleração. Com isso, recebeu uma bolsa de R$ 6 mil, por um semestre, para acelerar os negócios. 

Como estávamos reiniciando o processo de produção de peixe, pudemos nos envolver e participar de tudo. E agora estamos nos sentindo muito mais seguros para seguir com a nossa empresa. Estamos dando passos firmes e com planejamento.

Nascida na pandemia, a Ikigai é um verdadeiro caso de sucesso: “Era uma empresa que tinha a intenção apenas de criar peixe em 2020. Em 2022 estamos com frigorífico, hortifruti, cursos, capacitações, consultorias, palestras e a Microverdes”.

Embora a Ikigai seja uma empresa do mercado piscicultor, Marise tem expectativas: “Sonhamos em ter uma Rede Ikigai, onde poderemos ensinar profissionais a criar peixes seguindo o nosso protocolo de criação”, compartilha. Para tirar a ideia do papel, ela e sua equipe investem em cursos e capacitações para que novos empreendedores cresçam junto à marca.

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