Mantiqueira de Minas
Cultura Empreendedora Carmo de Minas / MGPreço e vendas do grão aumentaram depois que o Sebrae ajudou os produtores da região a conquistar o selo de Indicação Geográfica.
Às vezes nós, produtores, ficamos muito focados na roça e no Sebrae a gente encontra ideias para fazer as coisas de uma maneira melhor. É um suporte muito importante.
Quando chegou da Itália para começar uma vida nova no Brasil, o bisavô do Álvaro Antônio escolheu as montanhas da Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, para plantar o seu café. Ali, na zona rural de Carmo (MG), iniciou sua lavoura no começo do século XX, época em que a atividade estava em expansão na cidade.
O pai de Álvaro continuou com o cultivo em uma área que não era muito grande, mas o que lhe interessava mesmo era o gado. Quando passou a propriedade aos filhos, Álvaro, que tinha interesse na cultura do grão, decidiu, em sociedade com outros três irmãos, continuar e ampliar a produção do café.
Depois que plantamos, percebemos que produzir o café como commodity não era viável financeiramente no terreno de montanha. Aí em 2002, começamos a ouvir falar de café especial, conhecemos e decidimos focar nesse tipo. Começou por uma questão financeira, mas virou uma paixão nossa.
A principal diferença na parte do manejo, segundo ele, está na colheita e no pós-colheita. Primeiro, só os grãos realmente no ponto certo de maturação são colhidos. Há ainda diversos cuidados especiais com a secagem para que todos os grãos atinjam alta qualidade.
Com a guinada, além de um preço melhor, o café de Álvaro ganhou prestígio internacional. “Começamos a participar de concursos de café e a exportar.”
Álvaro destaca outro fato fundamental para a valorização de seu produto: o trabalho do Sebrae na organização dos produtores da região para conquistarem o reconhecimento do café que eles produzem na Mantiqueira com o selo de Indicação Geográfica. Essa certificação do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) vincula a qualidade de um produto e suas particularidades à região onde foi produzido.
Para estabelecer regras de boas práticas, padronizar procedimentos e orientar os produtores sobre todas as questões burocráticas, o Sebrae ofereceu capacitações para os produtores. “Tivemos palestras sobre comércio, como procurar clientes, como cuidar da lavoura. Foi bem legal a participação do Sebrae, muito importante para o conhecimento nosso.”
O cafeicultor diz ainda que o selo passou a ser uma garantia de qualidade aos compradores. Como o café é rastreado e apresenta todas as informações técnicas de plantio e secagem, essa confiança é ainda maior.
Com essa garantia que o reconhecimento da Indicação Geográfica nos trouxe, a gente consegue inclusive um preço melhor no café que a gente planta.
A chegada da pandemia assustou, mas não chegou a abalar as vendas. O medo maior era o fechamento das cafeterias, mas, no fim, 2020 terminou como um ano de ótimas vendas. Só o que teve de ser interrompido foram as visitas que recebem na propriedade por meio do projeto Rota do Café Especial. “As pessoas que compram o café especial querem comprar a história da gente também, então todo ano vem muita gente aqui visitar a propriedade e conhecer a lavoura.”
A expectativa do produtor para 2021 é de um ano difícil. Ele prevê uma produção menor, mas com foco em aumentar ainda mais a qualidade do grão. Apesar de tudo, mantém o otimismo. “Vamos andar de acordo com a maré.”