moradigna
Cultura Empreendedora São Paulo / SPConvivendo com a insalubridade das moradias em sua comunidade, Matheus resolveu abrir uma empresa que fosse lucrativa e também resolvesse o problema. Sem dinheiro para iniciar o negócio, pegou o cartão de crédito da irmã sem pedir e contou com ajuda do padrinho pedreiro
Sem investimento inicialTer o suporte de uma instituição como o Sebrae para ajudar a estruturar e gerenciar o negócio foi bem importante para a Moradigna.
Ao andar pelo Jardim Pantanal, comunidade de baixa renda onde nasceu e cresceu em São Paulo (SP), Matheus Cardoso se deparava com diversos problemas urbanos. Um dos principais eram as moradias precárias: residências insalubres, com mofo, sem ventilação, sem iluminação, aspectos que impactam negativamente a saúde e o bem-estar dos moradores. Ele mesmo habitava uma casa como essas.
Após se formar em engenharia civil, inteirou-se sobre negócios sociais e viu a possibilidade de ajudar a solucionar esses problemas e, ao mesmo tempo, construir uma opção de carreira empreendedora. Daí surgiu a ideia de criar em 2013 a Moradigna, uma empresa de reforma de domicílios a preços populares, acessíveis aos moradores de sua comunidade.
A gente vende um serviço completo: projeto, material, mão de obra e gestão da reforma, com parcelamento do pagamento para que o valor caiba no bolso da família. A intervenção que fazemos significa uma melhoria para a casa, para a família e para a comunidade como um todo.
O empresário conta que começou literalmente do zero e sem investimento inicial. Quem deu a primeira mão foi seu padrinho, que aceitou trabalhar primeiro e receber depois. Os primeiros materiais de construção foram comprados a prazo, com o cartão de crédito que pegou emprestado da irmã sem avisá-la. E todos os outros serviços, como o acompanhamento das obras, foram realizados por ele mesmo.
No início, Matheus formalizou-se como microempreendedor individual (MEI) e por muito tempo foi o único funcionário da empresa. Ao iniciar o empreendimento, ele diz que não tinha conhecimento algum sobre gestão ou administração.
“Aprendi com o avião no ar, e o Sebrae sempre foi um apoiador do Moradigna, de forma direta ou indireta, por meio de outros parceiros. Passamos por diversas capacitações, acelerações e incubações com metodologias do Sebrae.”
Ele lembra que as consultorias com a Escola de Negócios, do Sebrae em São Paulo, também foram importantes para o crescimento do empreendimento. No início, a área de atuação era apenas o Jardim Pantanal e hoje compreende toda a Zona Leste de São Paulo.
Matheus também recebe convites para falar sobre a empresa em eventos, congressos e convenções por todo o Brasil. Quando há cachê, o dinheiro é destinado a reformas de casas de famílias que não têm condições de pagar o serviço. “É um braço social do Moradigna que também recebe colaborações de empresas parceiras.”
Atualmente com cinco funcionários, a empresa já realizou mais de 600 reformas, impactando mais de 2 mil pessoas e faturando mais de R$ 2 milhões. E o objetivo é crescer ainda mais: em 2020, será lançado um programa de expansão para outras regiões da capital paulista.
Para o futuro próximo, os planos são ainda maiores. “Como o problema da habitação precária é muito grande, nossa meta é levar o Moradigna para os quatro cantos do Brasil. A gente vai começar o processo de expansão aqui em São Paulo com um programa de embaixadores que vão ter acesso à nossa metodologia para realizar reformas em comunidades de baixa renda.”